Às vezes, quando a noite cai e o mundo silencia, eu me perco em devaneios sobre vidas que nunca vivi. Penso em como seria fascinante, dentro de uma só vida, poder experimentar várias vidas alternativas — como se cada escolha que não fiz, cada caminho que não segui, pudesse ser explorado em uma realidade paralela, acessível apenas a mim.
Imagino-me vivendo em cidades diferentes, talvez uma Vanessa que decidiu ficar em Nova York depois daquela viagem, ou uma que se mudou para um vilarejo no interior da Itália, onde os dias passam devagar e a vida é regida pelo aroma do pão fresco e o sabor do vinho local. Penso também na Vanessa que se dedicou ao piano, que aprendeu a tocar cada tecla como se fosse uma extensão de sua alma, e que agora percorre o mundo em turnês, transmitindo sua música para plateias emocionadas.
Há a Vanessa que seguiu seu coração e se arriscou em um grande amor que mudou toda a sua vida — como a Vanessa que se apaixonou por um cara online, um britânico dos olhos oceanos, e largou tudo para viver com ele em Londres. Uma versão de mim que agora caminha pelas ruas de Camden, aprende a amar os pubs locais e passa as tardes nos parques com ele, absorvendo a vibração de uma cidade que nunca dorme, enquanto tenta equilibrar essa nova vida, cheia de desafios e descobertas.
Também imagino a Vanessa que casou jovem e criou uma família em uma casa no campo, cercada por crianças correndo livres entre as árvores e o som de risos ecoando ao longe. Ou ainda, a Vanessa que nunca parou em lugar nenhum, que continua viajando pelo mundo, com apenas uma mochila nas costas e um desejo insaciável de conhecer o desconhecido.
Cada uma dessas vidas alternativas carrega uma parte de mim, um pedaço do que poderia ter sido. E, às vezes, sinto uma pontada de tristeza ao perceber que, por mais que eu sonhe, jamais poderei viver todas essas versões de mim mesma. Estou presa a esta única linha do tempo, a este único caminho que escolhi, e todas as outras possibilidades são apenas sombras que me acenam de longe, como estrelas que vejo no horizonte, mas que nunca conseguirei tocar.
Ainda assim, existe algo mágico em saber que essas vidas alternativas vivem dentro de mim, em um mundo só meu. Elas são como sonhos que carrego no coração, sonhos que me lembram de que, embora eu seja uma só, minha alma é grande o suficiente para conter multitudes. E enquanto eu viver, elas continuarão a existir, alimentando minha imaginação e me lembrando de que, em outra parte do universo, talvez todas essas vidas estejam realmente acontecendo.
E se assim for, Destino, eu gostaria de pensar que, de alguma forma, todas essas Vanessa's sabem da minha existência também. Que elas, em seus momentos de silêncio, também se perdem em pensamentos sobre a vida que eu estou vivendo agora — a vida que, para elas, é apenas uma das infinitas possibilidades.
No fim das contas, talvez o verdadeiro presente seja esse: a capacidade de sonhar. Acredito que, em algum lugar, todas essas versões de mim mesma estão vivendo suas próprias aventuras, e que todas nós estamos, de alguma forma, conectadas, compartilhando a mesma alma, mas explorando diferentes facetas da existência.
Com carinho,
Vanessa
"Tenho em mim todos os sonhos do mundo"
- Fernando Pessoa
Amei seu texto! ✨